quarta-feira, março 31, 2010

Aqui

Porque apenas escreve-se quando o coração aperta.

Mas não devia.

sexta-feira, outubro 03, 2008

Por linhas tortas

(...)

De tanta linha torta que escrevi
Com escrita fina e rasuras
Engrossei a tinta e saiu uma linha reta
Na qual eu gosto de escrever

Eu não peguei minha caneta
Esperando escrevê-las
Mas quando eu notei, era poesia
Que eu escrevo e releio todos os dias

(...)

quarta-feira, setembro 24, 2008

Falling. Yes, I am falling.

Trinta dias é pouco, quando antes era setenta. Mas é uma eternidade para o coração ansioso e aflito do que eu sei, do que eu não sei e do que queremos.

Trinta dias é pouco frente a cinco anos. Mas parecem milênios para quem gosta e vem guardando palavras e vontades há muito tempo, nesse tão nosso placebo.

Trinta dias é a distância entre nossas mãos, cheiros, abraços e histórias, para que enchamos os frascos de remédios vazios.

Que trinta dias corram, para que os próximos passem bem devagar e tudo possa ser mais do que já é. E o que é já vale todo o sacrifício.

quarta-feira, setembro 17, 2008

Vinte e um

21 pílulas protegem mensalmente a mulher da gravidez.
Mas minha mãe engravidou com 21 anos. Com essa mesma idade ela se casou.
Isso foi no dia 21, o mesmo dia em que ela começou a namorar meu pai. O casamento durou 21 anos.
21 é um dos números da sorte do meu avô. Meu pai dizia o mesmo, mas hoje em dia ele acha que é o de azar.
Sendo que 21 é 2+1, que dá 3, que é um dos meus números da sorte e também a diferença de dias do meu aniversário para o da minha o irmã, quando por apenas 3 dias temos 3 anos de diferença de idade.
2-1 é pouco. 2+1 é demais.
Dizem que quando morremos perdemos exatos 21 gramas.
21 gramas é o nome de um dos meus filmes favoritos.
21 é a maior idade universal e também a idade que farei este mês.

Dos medos que não disse

Me ensina a namorar, porque eu já sei gostar de você.
Me mostra esse plantio do dia-a-dia e a paciência de equilibrar para preservar.
Me abraça com todo o carinho que você diz ter e me faz confiar nas coisas.

Será que eu posso confiar no que penso? Será que romantismo dá mesmo certo? Será que eu não tenho medo de viver? Será que se pode fazer o futuro?

Me ensina a namorar, porque a vontade já nasceu aqui dentro.

sábado, agosto 30, 2008

Baile de máscaras

É baile de máscaras, com coreografia maldita. Esconda-se atrás das paredes, atrás dos barulhos, das máscaras, de todo o baile. Faça sua dança, sua cena, aplauda o bobo da corte. Guarde seu mistério e conte, de orelha em orelha, os pecados dos outros.

Mas, cuidado! As máscaras caem. Toda essa luxúria é pecaminosa. O sapateio marca o chão e o espelho quebra. Você sabe: espelho quebrado dá sete anos de azar. E não tem conserto.

segunda-feira, agosto 11, 2008

Sereia da terra

O cheio de sexo estava por todo o quarto e não havia perfume doce ou cítrico que o fizesse sumir. Lençol amassado, corpo quente, cabelo bagunçado, marcas de dente, um cigarro na janela e nenhum sentimento de culpa pelo sexo descartável.

Ainda era nova e não podia tirar conclusões concretas. Dizia ser só curiosa e estar aproveitando a fase mais promíscua enquanto podia. Não era — nem pensar! — como diziam os voyeurs da vida alheia.

Ainda era nova, mas tinha muito fogo. Adorava seduzir e se sentir desejada. Só por joguinhos pessoais. Tentava conquistar todos que se aproximavam: comprometidos ou solteiros, amigos ou desconhecidos, homens ou mulheres, novos ou velhos. Era o alimento do seu ego faminto e apressado; das suas unhas afiadas.

Jogava charme para todos os lados, não dava um movimento sem fazer pose e sempre tentava descobrir pelos reflexos se alguém a olhava. Só sabia se relacionar assim e mais de jeito nenhum. Se aproximar de alguém era sinônimo de flerte e ninguém escapava.


07 de Fevereiro de 2006

Rapidinha da felicidade

Pegue seu emepêtrês, ponha Extraordinary Machine da Fiona Apple e saia na rua cantarolando e dando pulinhos sem vergonha nenhuma. Juro que faz bem!

Teatrinho

Você se faz de muro de aço, mas é de papelão. A qualquer espirro d'agua, você taca pedras. A qualquer assopro mais forte, você lança fogo. Os de escudo frágil só sabem se defender com armas a frente.

quinta-feira, julho 31, 2008

Jogo de espelhos

Muda vida, em benção de lágrimas
Muda porque o mundo não quer parar de rodar
Hoje no céu é sol que nasce
No que um dia foi noite sem luar


08 de Julho de 2008

Os anos dizem

Por mais que você tente mudar, ser uma pessoa melhor, não cometer os mesmos erros, não adianta! Você sempre vai tropeçar no mesmo buraco.

Tá nesse teu sangue de ser humano medíocre: você não presta. Aceite, porque tentar mudar é só um passatempo da ilusão.

quinta-feira, julho 03, 2008

Medo do mar

Tinha medo do mar, mas foi para a orla para espairecer. Era muito estranho ser triste. Parecia uma novela mexicana, um filme de drama, uma cena clichê. Coisa tão própria e tão curiosa à alma. Podia ser ridículo, desesperançoso, submisso. Podia sim e é bem provável que o fosse. Cada um sabe das dores próprias. Era triste e ponto. Talvez nada pudesse mudar aquilo.

As pedras pontudas, onde a onda batia e voltava, dessa vez não se mostravam tão hostis. Na verdade, estavam bem convidativas. Quando se está triste, nenhuma dor se equipara a de dentro. Pensou em todas as pessoas que poderiam melhorar seu humor. Até ligou para algumas. De nada adiantou.

Não queria falar para elas do seu sofrimento: seria sacal, martirizante e um tanto egoísta. Ninguém quer ocupar seu tempo ouvindo amarguras alheias, a não ser que paguem. O mundo parecia não se importar com os segundos que separavam aquele corpo das pedras. Não faria tanta diferença assim, no final das contas.

Quem chorasse iria dizer intimamente, bem baixinho, para nem Deus (muito menos ele!) ouvir "O Senhor que me perdoe, mas é até um alívio". Assassinos do dia-a-dia. Todos!

Molha

Chove, chove, chove, chove, chove, chove, chove!


Chove em mim! Chove!

quarta-feira, julho 02, 2008

Eu odeio verdades cortantes

Por favor, mais um shot de mentirinhas embriagantes para eu ficar feliz.

E sem miséria pra encher esse copo!

quinta-feira, junho 26, 2008

Porta de vidro

Esse é o ano da fragilidade: o que aos olhos parece resistente, na verdade é frágil. Tudo é frágil, cabe a nós tentar nos fazer de fortes. Eu descobri que não existe vida previsível, amor eterno nem planos perfeitos. Tudo quebra e não cola. E se cola, não adianta, dá pra ver a rachadura.

Esse é o ano da fragilidade: viver é mais perigoso do que se pensa. É cada susto que a gente leva! Um dia parece certo, no outro não existe mais nada. É volátil, escorrega e dá muito medo.

Esse é o ano da fragilidade: repito três vezes. Quebra essa porta de vidro e segue adiante. Se corte, sangre, manque, mas siga. É bom. Não se faça em cacos para não ser varrido. O vento de lá não pára.

sábado, junho 21, 2008

Café na cama

Um dia eu achei que seria saudade. Hoje eu tenho medo dos meus pensamentos, que me surpreendem como sonhos. Digo que amo de forma tão vaga, que sinto raiva do meu jeito de amar — eu acho. Mas eu sinto raiva de muita coisa e uma delas é esse modo de viver. Me irrito com pouco quando começo a falar disso e desconfio de tudo. Dormir e acordar nunca mais serão a mesma coisa. Só não sei o quanto isso me faz falta e realmente me atinge. Eu tenho muito medo de ser egoísta.

Um pouco de lágrima

Alguns momentos são tristes por serem pretos.
Outros, por serem cinzas.
Às vezes são marrons ou vermelhos.

Hoje o momento foi triste em rosa bebê.

Folhas que caem

Aquele sorriso de menina mostravam os dentes: um pouco tortos, um pouco quebrados e muito charmosos. No cabelo preto e despenteado, passava uma fita vermelha. A língua rosa, bem quieta, sentia o gosto do hortelã. Os dedos pequeninos, branquinhos, com as unhas meio sujas, se apertavam sem parar e rasgavam as folhas caídas no banco. Ela era doce, tímida e muito interessada na vida. Numa vida diferente da minha; da nossa. Uma vida que eu antes não sabia que existia e passei a admirar e querer ver de perto. Um pouco que é muito. Um preto que é colorido. Monocelhas que molduram o olhar medroso de estar errando, mas que tem coragem e vontade de continuar ainda que nada dê certo.

- E se não der certo?
- Vai dar. Pelo menos eu vivi.

Retificação

Acho que não acertei na minha nota sobre a família. Mas também acho que não errei. Não sei.

É que as falas andam muito tortas e o abraços pouco sinceros por aqui.

sexta-feira, junho 06, 2008

Nota

Amizades se constróem de dia, não a noite.
Namoros se baseam na boca sorrindo, não fazendo bico.
Famílias se mantêm com abraços, não com falas.